
Uso das armas de gel desperta preocupação (Foto: Reprodução)
A cidade de Paulista, na Região Metropolitana do
Recife (RMR), implementou uma lei que proíbe a fabricação, distribuição e
comercialização das chamadas armas de gel. A medida, sancionada pelo
prefeito Yves Ribeiro e publicada no Diário Oficial desta quarta-feira
(11), reflete a preocupação crescente com os perigos associados a esses
dispositivos, especialmente entre jovens e adolescentes.
Estabelecimentos que desrespeitarem a norma estarão sujeitos
a punições, como:
- Suspensão
do alvará de funcionamento por 30 dias
- Multas
administrativas
- Encerramento
definitivo das atividades
Motivações para a proibição
As "gel blasters" ganharam popularidade em
diversas cidades brasileiras, com preços acessíveis variando entre R$ 50 e
R$ 200. Contudo, o uso dessas armas tem gerado alertas de autoridades e
profissionais de saúde, devido a incidentes de violência e acidentes
graves.
O autor do projeto, vereador Eudes Farias, justificou
a medida mencionando episódios de insegurança pública.
"O clima de medo na população, com pessoas
mascaradas e 'guerras' de armas de gel nas ruas, motivou nosso projeto. Já
tivemos casos de ferimentos graves e risco de perda de visão."
Casos alarmantes em Pernambuco
A Fundação Altino Ventura (FAV) notificou 64
incidentes relacionados a traumas oculares causados pelas armas de gel
apenas entre 30 de novembro e 11 de dezembro. Esses números preocupantes
reforçam a necessidade de ações preventivas.
As balas de gel, feitas de polímero superabsorvente, podem
atingir alta velocidade e provocar lesões como:
- Sangramento
ocular
- Inflamação
conjuntival
- Uveíte,
que pode evoluir para descolamento de retina e até cegueira
irreversível
"Os pacientes, em sua maioria adolescentes,
participam de batalhas sem proteção. As lesões podem comprometer a visão
permanentemente se não tratadas", alertou a oftalmologista Camila
Moraes, da FAV.
Medidas educativas e ações preventivas
A Prefeitura de Paulista anunciou uma campanha educativa
para conscientizar a população sobre os perigos das armas de gel e as punições
previstas pela nova lei. Além disso, a Polícia Militar será responsável
por promover ações de conscientização em escolas.
Proposta em âmbito estadual
O impacto das "gel blasters" também chegou ao
debate estadual. O deputado Romero Albuquerque apresentou à Assembleia
Legislativa de Pernambuco (Alepe) um projeto de lei para alterar a legislação
vigente e incluir a proibição desses dispositivos em todo o estado.
Na justificativa, o parlamentar destacou:
"A facilidade de acesso às armas de gel, vendidas
como brinquedos, agrava os riscos à segurança e saúde pública."
O deputado estadual Joel da Harpa também defendeu
medidas preventivas, como o uso da Polícia Militar para dispersar
aglomerações e evitar conflitos relacionados às "guerras" com as
armas de gel.
O futuro das "gel blasters" no Brasil
Enquanto as regulamentações específicas para armas de gel
ainda não acompanham sua crescente popularidade, as iniciativas municipais e
estaduais indicam um movimento preventivo para evitar tragédias maiores.