
Prefeito alega inocência e diz sofrer perseguição política (Foto: Divulgação)
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou o
prefeito de Pesqueira, Cacique Marcos Xukuru (Republicanos), e
mais 12 pessoas por envolvimento em um suposto esquema de corrupção que teria
desviado mais de R$ 15,7 milhões dos cofres públicos.
A denúncia, revelada com exclusividade pelo Diario de
Pernambuco, aponta a prática de crimes como organização criminosa, fraude
em licitações e lavagem de dinheiro. Segundo o MPPE, as
irregularidades ocorreram entre janeiro de 2021 e setembro de 2022.
Transferências ilegais e veículo de luxo
O MPPE afirma que Cacique Marcos recebeu R$ 77 mil em
transações bancárias, além de ter utilizado uma Hilux de forma indevida,
como parte das vantagens obtidas por meio de empresários favorecidos em
licitações fraudulentas.
De acordo com a promotoria, sete depósitos bancários
no valor de R$ 38.686 foram feitos pela empresa Cavalcanti &
Cavalcanti Ltda, ligada ao empresário José Janailson Cavalcanti,
como parte da divisão ilícita de valores provenientes de contratos com a Compesa.
Em uma investigação detalhada, foram encontrados documentos
como anotações manuscritas, indicando pagamento de R$ 20 mil, e canhotos
de cheques no valor de R$ 18.400 para "Marquinhos", além
de registros em planilhas que apontam a entrega de um carro de luxo ao
prefeito.
O MPPE acusa Cacique Marcos de lavagem de dinheiro
majorada por atuar em conjunto com uma organização criminosa.
Operação Pactum Amicis e afastamento do cargo
O prefeito de Pesqueira foi alvo da Operação Pactum
Amicis, deflagrada pela Polícia Civil de Pernambuco. Em decorrência das
investigações, Cacique Marcos foi afastado do cargo no início deste mês.
Na ocasião, ele alegou ser vítima de perseguição política
e negou as acusações.
Fraudes em licitações e articulação entre núcleos
O esquema denunciado teria envolvido o direcionamento de
licitações para beneficiar empresas específicas, como forma de retribuição
ao apoio financeiro — estimado em R$ 2 milhões — recebido durante
a campanha eleitoral de 2020.
Segundo o MPPE, o grupo atuava organizado em dois núcleos:
- Núcleo
Público: servidores da Prefeitura que manipulavam processos
licitatórios e autorizavam pagamentos ilegais.
- Núcleo
Privado: empresários que pagavam propinas e ajudavam a lavar o
dinheiro.
Interceptações telefônicas revelam conversas entre
empresários e agentes públicos combinando pagamentos para eliminar
concorrentes em processos licitatórios. Em um dos diálogos, um empresário
teria aceitado R$ 400 mil para não participar de uma concorrência,
supostamente com autorização do prefeito.
Outro áudio interceptado cita o pagamento de “5% ao homem”
— referência a Cacique Marcos — para garantir vitória em licitações.
Quem são os réus denunciados
Além de Cacique Marcos, foram denunciados:
- Sil
Xukuru (PT), vereador;
- Pastinha
Xukuru (PP), ex-presidente da Câmara Municipal de Pesqueira;
- Adailton
Suesley Cintra Silva Taumaturgo, ex-secretário de Infraestrutura;
- Francisco
Alves do Nascimento, engenheiro da Prefeitura;
- Adilson
Ferreira, ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação;
- José
Janailson Cavalcanti, empresário;
- José
Washington Marques Cavalcanti, empresário;
- Rozelli
Cícera de Souza;
- Maria
Janaína Cavalcanti;
- Jaelson
dos Santos Júnior;
- José
Djailson Lopes da Silva, 1º Tenente da PMPE (também investigado pela
Corregedoria da SDS).
O MPPE aponta 15 certames de licitação com indícios
de fraude envolvendo o grupo.
Prefeitura e Câmara ainda não se pronunciaram
O Diario de Pernambuco procurou a Prefeitura e
a Câmara Municipal de Pesqueira neste domingo (27), mas até o
momento não obteve retorno. A defesa dos réus também não foi localizada. O
espaço permanece aberto para futuras manifestações.