
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Criado como política pública em 2003 e retomado pelo
atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Programa
Cisternas tem sido um importante instrumento de combate à seca e de
promoção da segurança hídrica no Brasil rural. Nos anos de 2023 e 2024,
o programa já investiu R$ 679,4 milhões em ações que beneficiam
comunidades carentes afetadas pela escassez de água, priorizando povos
tradicionais, comunidades indígenas e populações do Semiárido.
O impacto já é expressivo: 68,4 mil cisternas e outras
tecnologias sociais de abastecimento foram entregues em 14 unidades da
Federação, contemplando famílias de 905 municípios.
Pernambuco é destaque no Nordeste com quase 9 mil
tecnologias entregues
No Nordeste, um dos estados mais contemplados pelo programa
é Pernambuco, com 22,8 mil contratações até abril de 2025. Desse
total, 8,8 mil cisternas e tecnologias já foram entregues às famílias
rurais do estado, o que representa 39% de execução.
O avanço pernambucano está alinhado com a meta nacional de 220
mil cisternas entregues até o final de 2026, contribuindo para a redução do
rodízio de água em comunidades rurais e escolares.
Para participar, as famílias devem estar inscritas no
Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, condição que
assegura a prioridade dos recursos às populações em situação de
vulnerabilidade.
Ceará lidera entregas e Rio Grande do Sul tem maior
índice de execução
Em números absolutos, o Ceará lidera entre os
estados beneficiados: foram entregues 17.716 tecnologias das 40.994
contratadas, o que representa 43% de execução. A Bahia
aparece logo atrás, com 14.642 tecnologias entregues, das 41.542
contratadas, ou 35% de execução.
Percentualmente, o melhor desempenho é do Rio Grande do
Sul, com 49% de execução: 248 entregas em um total de 509
contratações. Minas Gerais (46%), Paraíba (46%), Piauí
(32%), Alagoas (31%) e Rio Grande do Norte (31%) também compõem a
lista dos estados com desempenho acima de 30%.
Nova estratégia leva água aos Yanomami com microssistemas
adaptados
Em 2024, o programa adotou uma estratégia especial
voltada à população indígena Yanomami, na região Norte. A ação é fruto de
uma parceria com a SESAI (Secretaria de Saúde Indígena) e com a OSC
Associação de Assessoria aos Povos da Floresta, com investimento de R$ 5
milhões.
A medida prevê a instalação de 30 microssistemas
comunitários, capazes de beneficiar cerca de 3 mil indígenas. Até
março de 2025, seis microssistemas já haviam sido entregues e outros
oito devem ser concluídos ainda neste ano. O modelo adotado inclui captação
superficial de água, tratamento e distribuição por meio de chafarizes coletivos.
Tecnologias variadas adaptadas à realidade rural
O Programa Cisternas trabalha com diversas tecnologias
sociais adaptadas, incluindo:
- Cisterna
de placas de 16 mil litros
- Cisterna
calçadão
- Cisterna
de enxurrada
- Cisterna
escolar (10 mil ou 52 mil litros)
- Sistema
pluvial multiuso autônomo ou comunitário
Essas soluções são projetadas para captação e
armazenamento de água da chuva ou de fontes superficiais, promovendo o
abastecimento doméstico, escolar ou produtivo em áreas de difícil acesso à rede
de distribuição.
Fundo Amazônia destina R$ 150 milhões para famílias
tradicionais do Norte
Para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas na região
Norte, o programa contará com um aporte de R$ 150 milhões do Fundo
Amazônia. O recurso será destinado à implementação de tecnologias de
abastecimento para 4,3 mil famílias extrativistas, quilombolas e assentadas.
O investimento é fruto de um Acordo de Cooperação Técnica
com o BNDES e o Ministério do Meio Ambiente, ampliando o alcance do
programa em uma das regiões mais afetadas por eventos climáticos extremos.
Edital de 2024 prevê construção de 50 mil novas cisternas
Um novo edital lançado no fim de 2024 prevê a
construção de mais 50 mil tecnologias sociais de acesso à água, com
investimento de R$ 500 milhões. Desse total:
- 46
mil serão cisternas de 1ª água (uso doméstico)
- 4
mil de 2ª água (uso produtivo)
- 245
cisternas escolares
- Além
da recuperação de 2.500 cisternas antigas, com mais de dez anos de
uso
Esse esforço visa restaurar estruturas que perderam
funcionalidade e ampliar o alcance do programa para novas famílias em
situação de insegurança hídrica.
Cooperação técnica e recursos complementares fortalecem a
iniciativa
Entre as fontes alternativas de financiamento do Programa
Cisternas, destacam-se:
- R$
40 milhões para tecnologias voltadas à produção de alimentos no
Semiárido (1.400 famílias atendidas), em parceria com o BNDES e
Fundação Banco do Brasil
- R$
311 milhões destinados à construção de 42 mil cisternas nos
nove estados do Nordeste, por meio de parcerias firmadas em 2024 com os
governos estaduais
Com essas iniciativas, o governo federal reforça seu
compromisso com o desenvolvimento sustentável, o combate à pobreza e a
segurança hídrica de milhares de brasileiros em regiões historicamente
atingidas pela seca.