
Assembleia Legislativa analisa PEC que amplia o valor das emendas parlamentares (Foto: Roberto Soares/Alepe)
O setor produtivo de Pernambuco reagiu com forte indignação
à proposta de emenda à Constituição (PEC) que eleva de 1,2% para 2%
o percentual da Receita Corrente Líquida (RCL) destinado às emendas
parlamentares. A medida, caso aprovada, pode significar uma redistribuição
de até R$ 500 milhões do orçamento do estado — valor que, segundo
lideranças empresariais, seria comprometido em um modelo fragmentado, sem
diretriz estratégica clara e alheio às reais necessidades do
desenvolvimento estrutural do estado.
A insatisfação culminou na divulgação de um manifesto
assinado por diversas entidades representativas, entre elas: Fiepe,
Ciepe, Fecomércio-PE, Faepe, ACP, Fetracan, Softex, Assespro, Assesuape,
LIDE-PE, Movimento Atitude Pernambuco e o Porto Digital.
Riscos para o desenvolvimento e a infraestrutura
Para os empresários, o projeto representa uma ameaça
concreta à organização e à continuidade das políticas públicas de investimento,
especialmente em áreas essenciais como infraestrutura, mobilidade, saúde e
educação. Com um estado enfrentando dificuldades para concluir obras paradas
e tirar do papel projetos estratégicos, abrir mão de parte significativa
dos recursos orçamentários pode agravar os gargalos já existentes.
“Com essa PEC, o que sobraria para investimentos em
infraestrutura é pouco. Se esses recursos são retirados para os deputados
fazerem suas despesas, não haverá conexão entre os investimentos”, alertou Bruno
Veloso, presidente da Fiepe. Para ele, a medida dilui o orçamento
em ações pontuais, prejudicando a eficiência e a visão de longo prazo.
Manifestações contundentes de líderes empresariais
As críticas dos representantes do setor produtivo não são
isoladas. Halim Nagem, do Movimento Atitude Pernambuco,
classificou a proposta como “inconcebível num estado que precisa de recursos
para investimentos”. Já Drayton Nejaim, presidente do LIDE-PE,
foi mais incisivo: “Essa iniciativa é fisiológica e nivela o Legislativo por
baixo”.
Avelar Loureiro Filho, do Movimento Pró-Pernambuco
(MPP), apelou diretamente à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe):
“Esperamos que os deputados rejeitem essa ideia fora dos anseios dos
cidadãos”.
Para Pierre Lucena, presidente do Porto Digital,
a proposta é incompatível com a realidade fiscal do estado: “Um estado pobre
como Pernambuco não pode se dar ao luxo de fracionar um orçamento em detrimento
de projetos estruturadores”.
Autor da proposta e justificativa apresentada
A PEC é de autoria do deputado Coronel Alberto Feitosa,
que justificou a mudança como uma atualização proporcional ao modelo de
emendas parlamentares federais. A proposta já foi aprovada na Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) da Alepe, mas não avançou ao plenário após
uma intervenção direta da governadora Raquel Lyra, que reuniu sua base
para barrar a votação.
Apesar da manobra, a proposta deverá ser votada em plenário
na próxima terça-feira (09). Uma reunião entre o Executivo e
parlamentares está marcada para segunda-feira (08), com o objetivo de
apresentar uma contraproposta que possa evitar o avanço da PEC.
Fórum de Infraestrutura busca racionalidade e visão de
futuro
O manifesto dos empresários ocorre poucos dias após o
lançamento do Fórum Permanente de Infraestrutura de Pernambuco, ocorrido
no último dia 31 de março, pela Fiepe. A iniciativa tem o objetivo de monitorar
obras públicas e cobrar eficiência e continuidade dos investimentos por
parte dos governos.
Os líderes empresariais reforçam que o momento exige seriedade
e planejamento, especialmente diante da necessidade de atrair recursos para
projetos como mobilidade urbana, modernização logística, energia limpa e
inovação tecnológica.
Suape em destaque: aposta no desenvolvimento portuário
Enquanto o orçamento estadual é pauta de debates, Suape
segue avançando. O complexo portuário está entre os 12 finalistas do edital
do Ministério das Minas e Energia, voltado para financiamento de projetos
sustentáveis com recursos do Climate Investment Fund, do governo britânico.
Segundo Márcio Guiot, presidente de Suape, os recursos serão aplicados
em infraestrutura, com destaque para a construção do Cais 7.
Outros destaques do setor imobiliário e eventos
Além das discussões políticas e econômicas, o mercado
imobiliário também se movimenta. A ACLF, após o sucesso do receptivo
com o chef Juan Acosta no Sky Concept Living, em Caruaru, irá
repetir a ação nos empreendimentos Mirante dos Corais, em Paulista, e Belém
Boulevard, em Campo Grande. A estratégia busca engajamento emocional com
os clientes e valorização dos imóveis em lançamento.
Conclusão: decisão da Alepe será determinante para o
futuro fiscal de Pernambuco
Com a votação da PEC se aproximando, o posicionamento da
Alepe será decisivo para o equilíbrio entre os interesses parlamentares e as
necessidades estruturais do estado. O setor empresarial deixa claro: a
responsabilidade fiscal e a eficiência no uso dos recursos públicos devem
prevalecer sobre práticas que fragilizam o planejamento e a execução de
políticas públicas estratégicas.