
Bebê reborn são bonecos foitos à mão com técnica realista (Foto: Canva/Reprodução)
A Câmara dos Deputados recebeu, nesta quinta-feira
(14), a apresentação de um projeto de lei que propõe multar em até 20
salários mínimos pessoas que tentarem simular o cuidado com uma criança
de colo usando um bebê reborn, com o objetivo de usufruir de benefícios
legais indevidos, como prioridade em filas ou gratuidade em serviços.
O projeto, de autoria do deputado Zacharias Calil
(União-GO), tem como foco a utilização dolosa das chamadas bonecas
hiper-realistas, conhecidas como bebês reborn, em fraudes contra
políticas públicas voltadas à infância.
“Trata-se de conduta que, além de afrontar a boa-fé objetiva
que deve reger as relações sociais e de consumo, sobrecarrega serviços
públicos, notadamente unidades de saúde, retardando o atendimento de crianças
que efetivamente demandam cuidado urgente”, justificou o parlamentar.
Simulação para obter privilégios pode gerar sanções
severas
O texto classifica como infração o uso de qualquer tipo de artifício
que simule a presença de uma criança de colo com a finalidade de receber
prioridades ou facilidades previstas em leis. Entre os exemplos listados
estão:
- Preferência
em filas de espera
- Assentos
prioritários
- Descontos
ou gratuidades
- Outros
incentivos econômicos reservados a responsáveis por bebês reais
Caso aprovado, o valor das multas será revertido para os
Fundos Nacional, estaduais, distrital ou municipais dos Direitos da Criança e
do Adolescente, reforçando o caráter educativo e reparatório da medida.
Tema dos bebês reborn ganha espaço político
A discussão sobre os bebês reborn ultrapassou os
limites do comportamento social e passou a integrar o debate legislativo
nacional. Na última semana, por exemplo, um projeto foi apresentado na Câmara
Municipal do Rio de Janeiro para criar o “Dia da Cegonha Reborn” no
calendário oficial da cidade.
Além disso, deputados estaduais do Rio de Janeiro e de
Minas Gerais já protocolaram projetos relacionados ao tema. As propostas
incluem desde a proibição de atendimento a bonecos no sistema público de
saúde até a criação de assistência de saúde mental para quem se
reconhece como pai ou mãe desses bonecos.
Cresce o debate sobre saúde mental e uso indevido dos
reborns
A popularidade dos bebês reborn vem acompanhada de
uma crescente discussão sobre os limites entre afeto simbólico e
comportamento social inapropriado. Embora muitos utilizem essas bonecas
como ferramentas terapêuticas — especialmente em casos de luto ou distúrbios
psicológicos —, casos de uso intencional para obtenção de benefícios
públicos têm gerado preocupação entre legisladores e especialistas.
O projeto de Zacharias Calil é o primeiro em âmbito
federal a propor uma punição objetiva para esse tipo de prática, que até
então se encontrava em uma zona cinzenta da legislação.